As qualidades da pessoa do amanhã

Retirado do texto de Carl Rogers; The Holistic Revolution: The Essential Reader (1980)

  1. Abertura. Essas pessoas têm uma abertura para o mundo – interno e externo. Eles estão abertos à experiência, a novas formas de ver, novas formas de ser, novas ideias e conceitos.
  2. Desejo de autenticidade. Acho que essas pessoas valorizam a comunicação como um meio de dizer do jeito que está. Eles rejeitam a hipocrisia, o engano e o duplo discurso de nossa cultura. Eles são abertos, por exemplo, sobre seus relacionamentos sexuais, em vez de levar uma vida secreta ou dupla.
  3. Ceticismo em relação à ciência e tecnologia. Elas desconfiam profundamente de nossa ciência atual e da tecnologia usada para conquistar o mundo da natureza e controlar as pessoas do mundo. Por outro lado, quando a ciência – como o biofeedback – é usada para aumentar a autoconsciência e o controle da pessoa pela pessoa, as pessoas do amanhã são apoiadoras.
  4. Desejo de totalidade. Essas pessoas não gostam de viver em um mundo compartimentalizado – corpo e mente, saúde e doença, intelecto e sentimento, ciência e senso comum, indivíduo e grupo, são e insanos, trabalham e se divertem. Eles se esforçam mais por uma totalidade da vida, com pensamento, sentimento, energia física, energia psíquica, energia de cura, todos integrados na experiência.
  5. O desejo de intimidade. As pessoas estão buscando novas formas de proximidade, de intimidade, de propósito compartilhado. Elas estão buscando novas formas de comunicação em tal comunidade – tanto verbal quanto não verbal, sensível e intelectual.
  6. Processar pessoas. As pessoas do amanhã estão profundamente conscientes de que a única certeza da vida é a mudança – que eles estão sempre em processo, sempre mudando. Elas aceitam esse modo de assumir riscos e estão vitalmente vivos na maneira como enfrentam mudanças.
  7. Cuidar. Essas pessoas são atenciosas, ansiosas por ajudar outras pessoas quando a necessidade é real. É um cuidado gentil, sutil, não moralista e sem julgamento. Elas suspeitam dos ‘auxiliares’
    profissionais.
  8. Atitude em relação à natureza. Elas sentem uma proximidade e um carinho pela natureza elementar. Elas são ecologicamente conscientes e desfrutam de uma aliança com as forças da natureza, e não da conquista da natureza.
  9. Anti-institucional. Esses indivíduos têm antipatia por qualquer instituição burocrática altamente estruturada, inflexível. Eles acreditam que as instituições deveriam existir para as pessoas, não o contrário.
  10. A autoridade interior. Essas pessoas confiam em sua própria experiência e desconfiam profundamente da autoridade externa. Elas fazem seus próprios julgamentos morais, desobedecendo abertamente às leis que consideram injustas.
  11. A falta de importância das coisas materiais. Esses indivíduos são fundamentalmente indiferentes aos confortos e recompensas materiais. Símbolos de status monetário e material não são seus objetivos. Eles podem viver com riqueza, mas não é necessário para eles.
  12. Um anseio pelo espiritual. Essas pessoas de amanhã são buscadoras. Elas desejam encontrar um significado e um propósito na vida que seja maior que o indivíduo. Alguns são levados a cultos, mas outros estão examinando todas as maneiras pelas quais a humanidade encontrou valores e forças que se estendem além do indivíduo.

A natureza dentro e fora: como estamos cuidando delas?

“É a minha natureza”, às vezes falamos sobre nossa própria personalidade. Por algum motivo tentamos convencer a nós mesmos e aos outros que existe um jeito de agir que não muda, quando na verdade a natureza dentro e fora da gente se transformam o tempo todo. Mais do que isso, essas naturezas fazem parte da mesma coisa. No fundo, são a mesma coisa e são interdependentes. Para existir, uma depende da outra.  

As nossas necessidades e as necessidades do planeta, além de mutáveis, são inseparáveis. O sistema industrial, o consumo desenfreado e a pressa dos dias tiraram essa conexão das nossas vistas. Trocamos o contato com a sabedoria de nossos ancestrais para ter coisas, quanto mais, melhor. A natureza foi se tornando uma entidade distante, uma paisagem fora da janela ou um documentário da National Geographic, não é? Ao nos alienarmos de nossas próprias vidas, nos distanciamos de nosso eu que se se relaciona com todas as formas de vida, todos os ecossistemas e a própria Terra. 

O descuido com a saúde da grande biosfera nos impacta mais cedo ou mais tarde, com a pandemia do COVID -19, já considerada o evento que de fato inaugura o século XXI, a humanidade está vivendo mais uma prova disso. Andávamos cuidando mal da nossa grande casa e precisamos rever essa relação.

De fato, vivemos um mundo que tem diversas facetas, como as de um prisma – dependendo do ângulo onde a luz sobre ele incide modifica-se por completo o espectro e intensidade das cores que se integram no feixe de luz. Há um ângulo que evidencia a necessidade de modificarmos por completo a nossa maneira de ser para superar a atual crise planetária e civilizatória por que passamos.   

Para vivermos com mentes e corpos saudáveis, o vínculo recíproco com a natureza é fundamental. A natureza nos oferece seus recursos e nós cuidamos deles como exercício de auto cuidado. Entendendo que nós também temos recursos para a auto compressão, para alterar conceitos e comportamentos em busca de uma vida realizada. 

Temos autonomia para melhorar o nosso ambiente físico e emocional assim como as plantas buscam o sol para crescerem. O convite do presente é olhar pra essa conexão potente entre nossa saúde e tudo o que está ao redor! 

Sem dúvida o agora é um grande momento para nutrirmos a empatia pelo mundo ecológico, para com as outras pessoas e nos sentirmos parte de tudo. Aí a natureza de dentro e de fora se juntam para uma existência mais feliz e plena. Assim, além de usufruirmos melhor e mais integralmente as nossas próprias vidas as marcas por nós deixadas poderão ser benéficas e desfrutadas pelas futuras gerações.